Tipos de Sinalização

Na linguagem técnica, sinalização de uma trilha se subdivide basicamente em dois tipos: direcional e interpretativa.

Vamos começar com a sinalização direcional.

A sinalização direcional utiliza SOBRETUDO setas. Também pode utilizar símbolos, tais como um círculo ou retângulo colorido, ou ainda a logomarca oficial de alguma trilha, como é o caso da Trilha Transcarioca no Rio de Janeiro: uma pegada de bota de caminhadas com o Cristo Redentor desenhado em sua sola.

A pegada com o Cristo na sola: sinalização direcional oficial da Trilha Transcarioca (Nacional da Tijuca).
A pegada com o Cristo na sola: sinalização direcional oficial da Trilha Transcarioca (Nacional da Tijuca).

A sinalização direcional de uma trilha tem dois objetivos básicos:

  1. Indicar a direção correta aos visitantes, evitando que se percam;
  2. Facilitar ações de manejo do interesse da respectiva Unidade de Conservação, evitando processos erosivos, impedindo a criação de atalhos e desestimulando o pisoteio de áreas sensíveis, entre outros benefícios ambientais.

A sinalização direcional se divide em quatro tipos:

  • Direcional – É aquela que, como o nome diz, aponta a direção e o sentido que o caminhante deve seguir;
  • Confirmatória – É aquela que, logo após uma bifurcação, confirma que o caminhante escolheu a opção correta;
  • Calmante – É aquela que de tempos em tempos reassegura ao caminhante de que está no caminho correto. Em oposição, sempre que  o caminhante andar mais de cinco minutos sem ver uma sinalização calmante, saberá que errou o caminho e tentará retornar até encontrar a última sinalização e voltar à trilha certa;
  • Indutiva – Sinalização usada para segurança ou manejo. É aquela que induz o caminhante a seguir na direção que interessa à Unidade de Conservação, evitando que ele pisoteie áreas sensíveis, estimulando-o a não pegar atalhos, e direcionando-o para trajetos mais longos, em detrimento de opções mais curtas, mas com alto potencial de acidentes ou de impactos ambientais.

 

Sinalização direcional

Deve ser colocada SEMPRE que houver possibilidade de dúvida na trilha. Ou seja, em todas as bifurcações ou em trechos em que a trilha esteja mal definida, ou ainda onde haja ocorrência comum de neblina.

Onde a mata estiver fechada, a trilha for mal definida, pouco visível ou onde houver ocorrência de neblina ou cerração, a sinalização deve ser pintada a espaços regulares e curtos, de modo que de uma sinalização sempre seja possível ver a seguinte. Esse método, que também é válido para descampados, alta montanha, campinas, desertos ou áreas pedregosas extensas, serve para assegurar que o caminhante não se perca. Ao ver pelo menos a sinalizaçõe seguinte à sua frente o caminhante consegue traçar seu rumo, mesmo sob neblina, no lusco-fusco, na penumbra, ou em terrenos onde a trilha está mal definida.

Nas bifurcações, a sinalização direcional NUNCA deve ser pintada no meio da encruzilhada, mas SEMPRE do lado para o qual o caminhante tem que seguir. Assim, por exemplo, se o caminhante deve pegar a trilha da esquerda, a sinalização deve ser pintada do lado esquerdo da trilha da esquerda.

Esta sinalização está mal posicionada. Deveria estar colocada dentro da opção de trilha a ser escolhida, do lado mais longe do centro da bifurcação (Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros).
Esta sinalização está mal posicionada. Deveria estar colocada dentro da opção de trilha a ser escolhida, do lado mais longe do centro da bifurcação (Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros).
Outro exemplo de sinalização que não resolve o problema de orientação (trilha de longo curso Hoerikwaggo, Parque Nacional da Montanha da Mesa, África do Sul). Nesse caso a trilha correta era a da esquerda. Portanto a sinalização deveria estar do lado esquerdo da trilha esquerda.
Outro exemplo de sinalização que não resolve o problema de orientação (trilha de longo curso Hoerikwaggo, Parque Nacional da Montanha da Mesa, África do Sul). Nesse caso a trilha correta era a da esquerda. Portanto a sinalização deveria estar do lado esquerdo da trilha esquerda.

 

Sinalização confirmatória

SEMPRE deve ser pintada uma seta confirmatória logo após uma bifurcação, já dentro da opção correta de trilha a ser seguida, mas ainda visível para quem está na bifurcação e ainda não escolheu o caminho que vai seguir. Sua função, como o nome diz, é assegurar ao caminhante qual é o caminho certo. Em outras palavras, a sinalização confirmatória confirma o que a sinalização direcional já apontou.

 

Sinalização calmante

A princípio poderia se pensar que a sinalização direcional só deve ser pintada em encruzilhadas. A prática, entretanto, já mostrou que esse procedimento não é suficiente. Muitos caminhantes não têm grande experiência em ambientes naturais e é comum não verem a marcação em bifurcações, o que os leva a se perderem. A sinalização calmante serve para assegurar ao excursionista que ele está no caminho certo. Em trilhas com muito uso por pessoas inexperientes, deve ser pintada uma sinalização calmante a cada cinco minutos de caminhada, no mínimo. Assim, se um caminhante percorrer cinco minutos de trilha e não encontrar nenhuma sinalização pintada saberá que precisa retornar pelo mesmo caminho que veio, pois não está na direção correta.

Notar que a trilha está bem definida e limpa e que não há bifurcações. Mesmo assim foi pintada uma sinalização calmante (trilha ao Pico das Três Coroas, Parque Nacional Pieninsky, Polônia).
Notar que a trilha está bem definida e limpa e que não há bifurcações. Mesmo assim foi pintada uma sinalização calmante (trilha ao Pico das Três Coroas, Parque Nacional Pieninsky, Polônia).

 

Sinalização indutiva

Essa é uma ferramenta de manejo. Uma experiência realizada nos Estados Unidos mostrou que a grande maioria das pessoas segue a sinalização direcional. Por isso, sempre que interessa à administração da Unidade de Conservação, adota-se a estratégia de sinalizar a direção que se quer que os caminhantes sigam, seja para fazê-los desviar de uma área ambientalmente frágil, seja para ressaltar um caminho mais longo, mas menos exposto a acidentes, seja para desestimular o uso de atalhos. Como a sinalização indutiva serve para fazer com que o caminhante vá na direção menos óbvia, mas que é do interesse da Unidade de Conservação, ela funciona melhor quando é usada de maneira intensiva e bem visível. Muitas vezes vale a pena pintar duas ou três setas em um espaço bem curto de terreno, todas visíveis de uma só olhada. O excesso de sinalização, nesse caso, justifica-se pelo resultado que obtém, já que estimula o uso que a administração da UC deseja.

Sinalização indutiva com objetivo de evitar que os caminhantes sigam por uma opção mais curta e assim proteger local com vegetação arbustiva e líquens (Monumento Nacional Domboshava, Zimbábue).
Sinalização indutiva com objetivo de evitar que os caminhantes sigam por uma opção mais curta e assim proteger local com vegetação arbustiva e líquens (Monumento Nacional Domboshava, Zimbábue).